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quinta-feira, 14 de maio de 2015

Primeiros passos

Eu nunca tive a pretenção de ter um blog e me expor de alguma maneira. Minha vida sempre foi cheia de obstáculos, talvez não muito diferente da maioria das pessoas, mas as vezes eu penso em dividir minha história pra que mais pessoas saibam que não estão sozinhas.
Claro que eu queria começar contando sobre meuá avós maternos e paternos, mas a verdade é que nunca me contaram nada apesar da minha insistência em quere saber.
Eu pelo menos tinha essa curiosamente, mas pensando bem vou falar só sobre o que eu sei, o que eu vivi e as versões que me foram contadas.
Eu nasci as 10 da manhã de uma manhã de outono. Era quinta-feira. Segundo minha mãe um dia anterior ao meu nascimento ela teve desejo por jabuticaba e subiu, grávida, num pé desta fruta e ao saltar pra sair da árvore a bolsa rompeu. Ela deveria ter ido ao hospital, mas só foi de madrugada quando começou a sentir as contrações. Irresponsável ou não, eu estou aqui.
Eu nasci numa família desestruturada completamente. Pelo que percebi nos 17 anos que morei com minha família não havia harmonia em nossa casa.
Ainda bebê , enquanto minha mãe trabalhava eu ficava aos cuidados de minha avó paterna, meu avô paterno falecera enquanto meu pai ainda era uma criança. Segundo o que a minha própria avó me contou aos 14  anos, quando ela foi até mim pedir perdão segurando uma caixa de bombons, enquanto eu ficava com ela ela me colocava numa gavinha com água gelada e gelo, dai eu ter tido várias e várias infecções na garganta. E mais, disse que me batia com uma toalha molhada e torcida. Assim não ficaria marcas, segundo ela. E não ficaram, não ficou marcas externas, mas as internas isso não tem como apagar. Diante da situação eu fiquei primeiro perplexa dela me contar na frente da minha mãe e ainda me oferecer uma caixa de bombons como perdão.
Se eu já tive revolta, já. Mas eu não consigo entender como uma pessoa que deveria cuidar de mim me fez tanto mal, a um bebê que não podia se defender. Eu pelo jeito apanhei e fiquei no gelo muitos meses, dias após dias. Eu não sei quando parou, mas eu comecei a andar com 6 meses provavelmente pra fugir da agressão.
Uma vez eu perguntei pra minha mãe se ela nunca desconfiou e ela deixou escapar que eu sempre gritava quando ela me deixava lá. Dava pra ouvir os gritos daria, ela disse, mas ela nunca voltou. A verdade é que eu fiquei ali sozinha e mesmo ouvindo menus gritos ela não voltou.
Eu não sou ninguém pra julgar porque me fizeram isso. Eu não sei nada da vida da minha avó, não sei como ela foi criada, não sei o que fizeram com ela. Nada justifica o que ela fez comigo, mas eu não sinto magoa. Só tristeza de não ter tido uma avó presente e carinhosa como a maioria é como eu gostaria de ter tido. Mesmo passando por tudo isso, a única coisa que eu posso dizer é que eu sobrevivi.

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